Fantasia

Escrevo, muitas vezes, tantas vezes, sobre aquilo que imagino, aquilo que me surge como imagem na minha mente, ora comparações, ora relações, o que seja, com a realidade, imagens portanto.
À noite, depois de desligar a luz e de ficar comigo mesmo, antes de adormecer, imagino incríveis bosques verdejantes, prados infinitos, luminosos, mas com árvores altas, dessas dos filmes de elfos, árvores ânsias. Imagino também uma imagem que me acompanha desde nino pequenino, que uma vez a minha mãe me dissera para imaginar quando estava mal, uma bela pomba branca, em conjunto de coisas bonitas que gostasse; oh, e aí havia coisas belas, crianças que corriam, parques onde brincar, boa comida que comer, e um dia belo; depois, ainda para mais, nos banquinhos de jardim velhinhos velhinhos jogavam damas e falavam sobre a vida, e muitas mais coisas, o que vocês quiserem; havia também guerreiros solidários, ladeando-se por um punhado de dólares, por uma doce e bela princesa que os aguardava, mas não lutavam realmente, gostavam daquela briga e de se armarem, e havia sobretudo paz, havia paz, risos, correria alegre das crianças, e entretanto nunca sabia o que havia mais porque adormecia, adormecia embalado, nesse bálsamo leve e luminoso; porque ah, sim, todas essas imagens eram revestidas por infinita luz, sabe-se lá de onde, e o resto criem vocês; criem vocês esses mundos, com família, com amigos, paz, por fim, e eles são sempre reais, nós estamos sempre com aqueles que amamos, no coração, e está sempre tudo bem, no paraíso de onde surge toda a imagem, toda a bondade que é a raiz da fantasia.