Homem meigo

Ouço a suite no.1 de Bach, como me recomendara Rubem Alves, no seu livro: "Se eu pudesse viver a minha vida novamente";
engraçado como Homem tão sábio, de outros tempos, continua falando connosco, pelos livros, pelos seus amados livros, e exalto com a candura com que escrevia, a ternura pela vida, a poesia que tinha no seu coração e que tão bem soubera transpor para palavras. A sua maneira de olhar a vida era leve, e é mesmo assim que eu na verdade sou e quero ser, nobre Homem que leva a vida com ligeireza, mas que não se impede de ver a beleza importante de olhar por todos nós: nós precisamos de beleza para crescer, tal como de sofrimento.
O dia é de sol, os dias são de sol, um sol que convida ao baile, à alegria, como numa sinfonia de Bach, em que me transporto para o século XVIII, num coreto, na luminosa Áustria, ou Inglaterra, em que os estudantes fazem exercício, no rio, e musica é tocada ao vivo por aristocratas, em que há eternidade por toda a parte, respira-se luz, em que nós somos eternidade a cada momento, em que tudo está certo e bate certo.
Oh, soubera, decerto, usar sua inteligência, bem como o bom senso, bem como viver no coração, e assim construir-se Homem meigo, e creio ser por isso que o admiro; mas não gosto muito de falar da verdade, para não a estragar
Que pudera haver mais beleza por toda a parte, nestas ruas agora desertas por causa do corona, agora sem o clima pesado dos noticiários, dos milhares de eventos que seguem no calendário uns atrás dos outros, da rotina que avança pelas nossas vidas, pudesse a humanidade, junta, funcionar como um coro, cantar a vida, o discernimento e a eternidade:
um dia, "one day", "imagine" só...