Posteridade
Cá estou, escrevendo outra vez, sem saber ao certo porque escrevo.
Quem sabe pare fazer alguma coisa de útil, de produtivo, ou para encontrar alguma espécie de satisfação... Quem sabe também, como já disse em tempos, para deixar posteridade. Quando mais tarde for ler aquilo que escrevi, poderei ver onde estava, o que pensava na altura, e isso por si só é mágico
Nesse aspeto, é curioso ver que quando lemos coisas antigas e estamos lúcidos conseguimos compreender o que está espelhado no texto, a força dele. Ver não só belas ideias e o quanto se muda, mas perceber as características de quem escreve naquilo que está escrito, bem como o cerne do texto: a vida aí espelhada...
Será que o chatgpt consegue replicar essa força nas suas criações? Pois se sim para que servem tantas novelas, tantos romances, tantos autores? Será que a força do texto não existe e está antes na crença da pessoa que lê? Não sei, mas é uma questão
O que sei de certo é que não devemos deixar de escrever por isto mesmo que vos digo, porque nos faz bem, porque é um registo, porque deixa posteridade
Que seria de nós se não pudéssemos ver um antigo diário e ver o que se pensava, como se estava, o que se viveu, quanto se lutou? Ao vermos isso percebemos que pelo que se andou e viveu vale a pena continuar lutando
É curioso que a coisa ganha outros contornos quando são textos já algo antigos mas que nós possamos ter ainda relação com eles, ou seja, não tão antigos assim. Aí podemos entrar no universo do texto, no seu fluxo, ver ainda o que pensávamos em detalhe, porque ainda o recordamos vivamente, e às vezes melhorá-lo, respeitando claro a matriz do texto, e tomar consciência de padrões nossos
O filme do realizador Christopher nolan, Tenet, é todo sobre isso, sobre posteridade, e este texto à sua maneira, que é algo que eu estou a recuperar neste momento em que escrevo, também
A minha alegria não é a mais forte, o meu estado anímico atual também não, bem como a inspiração, e então percebo: é um bom momento para reler, para rever