Quando é que nascem as pedras?

Quando é que nascem as pedras?
Porque é que eu prefiro as uvas mais pequenas?
Porque é que sabe tão bem a ventoinha lá de casa?
Porquê, Porquê, Porquê...
Eram essas as perguntas, e outras, que João Eduardo, de leve, se perguntava, deitado de barriga para baixo na sua manta de praia, olhando o caderno, e reflectindo.
São estas reflexões, e todas, que ficam, porque o ânimo elevado as carrega: Talvez não interessem as perguntas, ou as respostas, e tudo isto seja só uma brincadeira entre a criatura, e o criador, entre o Homem que se pergunta fingindo não conter a resposta, e Deus, que observa compassivo: diálogo no fundo interno; talvez sim, o Homem finja precisar de respostas, quando as respostas já estão dentro de si ou não sejam precisas, porque o que importa é viver, e confiar na divindade; ou talvez falte ao homem reconhecer, no seu interior, a solução que sempre buscamos, a derradeira resposta interna... pelo menos assim o dizem os sábios...
mas pronto, assim, nesse impasse fingido mas contente, investigando, decorria a manhã de praia de João Eduardo: luminosa, solarenga, leve, soprando ainda aquela brisa e brilhando aquele sol da alvorada, das manhãs, como diz sua mãe, sempre primordiais. Bom dia disse então ele ao mundo,
e o mundo respondeu-lhe
Bom dia, meu filho