Somos feitos de carne

26-03-2025

Cá estou, num comboio a caminho de casa, refletindo sobre tudo e mais alguma coisa.

São 19 e 08 de uma terça-feira, e lá fora ainda há resquícios de luz, coisa que nos faz perceber que ainda há pouco tempo era dia.

Mais um dia que acaba, e um levantamento que pode ser feito

Há quem diga que a vida é feita de escolhas, mas eu penso muitas vezes que a vida é feita de erros. Erramos milhares de vezes o plano que traçamos para nós, erramos o que devíamos ter feito e não fizemos, ou o que não devíamos ter feito e fizemos, e tudo isso nos vai construindo de alguma maneira, em consequências que não sei dizer.

Rubem Alves já com uma certa idade dizia que tinha chegado onde chegou porque os planos dele deram errado, e essa é uma ideia que creio ser bastante interessante, bem como esperançosa, pois nos mostra que, apesar de tudo, tudo acontece para bem, que caminhamos para uma melhor versão de nós mesmos, que talvez o destino nos leve por caminhos que desconhecemos mas que são belos, havendo luz ao fundo do túnel e sendo possível fazer coisas úteis e belas da nossa vida, para além claro da humildade que representa proferir uma frase como essa.

Há uma ideia em especial que gostaria de falar convosco, por o poder que têm e por ser uma coisa que creio me poderá fazer bem a mim e aos outros, e que está relacionada com esta coisa de errar.

Há pouco, com algum tempo livre, liguei a um amigo, mas de logo percebi que não era tempo para ligar, não era talvez o timing, e então a chamada não correu como esperado. Isto pode ser interpretado como um erro, mas foi possível perceber algumas coisas do telefonema. Uma delas, e devido a essa pessoa ser integra e pouco vulgar, foi que essa coisa de querermos que gostem de nós, querermos aprovação, é sinal de alguma fraqueza, sinal de pouca integridade e firmeza, e que a vida deve ser aceite tal como é. Ainda estou a refletir sobre estas temáticas, mas parece-me que o caminho de todos nós deve ser o de permanecermos iguais a nós próprios, e não nos subjugarmos aos demais em qualquer circunstância, querendo que gostem de nós, querendo que as relações sejam de uma determinada maneira, querendo que a vida se desenrole assim ou assado. É sinal de maturidade não querermos nada dos outros, e isto dá para todas as relações; 

isto foi algo que reforcei com este telefonema

Assim, e voltando ao tópico, acredito agora que não foi um erro ligar, ou se foi deve ser encarado de forma leve, pois não somos perfeitos e o crescimento faz-se de tentativa erro, inclusive esta coisa de querermos que gostem de nós ou de não sermos tão íntegros.

Devemos aprender a ser brandos connosco mesmos, pois somos feitos de carne. Depois, se a vida nos guia por determinados caminhos, se a vida tem um plano para nós, não sei, mas acredito sinceramente que sim. Mesmo que não seja verdade, podemos encarar sempre tudo como uma aprendizagem, por mais difícil que seja, podemos perceber que as oportunidades são múltiplas, e que quer tomemos as rédeas da nossa vida de forma mais afincada, quer deixemos que as coisas se passem, a vida sempre se dá, e quase sempre de forma mágica.

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