João Eduardo e o Tédio Existencial

E lá estava João Eduardo, deitado na sua toalha de praia, nessa manhã risonha de Julho, mas que, contudo, aos seus olhos, se apresentava indiferente,
e como doía silenciosamente essa indiferença.
Via-se novamente reflectindo sobre tudo, pensando demais sobre tudo, tudo lhe custava: a existência parecia-lhe então um grande vazio.
Custava-lhe ler... Para que? Custava-lhe escrever... Para que? Custava-lhe ate ter de lidar consigo mesmo, com os seus pensamentos, que , invariavelmente, iam sempre dar ao facto de haver pouca novidade, pouca surpresa, pouca revolução, e o esforço pessoal para fazer algo, diga-se de passagem, já não lhe servia, não lhe cabia
Que esperava o seu interior, ou ele mesmo, para pensar positivo, para dançar, para dar graças, para todas essas teorias que ele mesmo conhecia mas que, contudo, na prática, raramente se verificavam, se manifestavam? Precisava de ar, de mulheres, quem sabe, de toda a forma de refugio, de fugir mais de si, para a euforia, para o ruído, que nunca dura mas que lhe parecia ser a única opção, mas até aí o mundo o encaminhava, por factores que ele desconhecia, na direcção contrária, na direcção do silêncio, da aceitação, e dizem os sábios que, quando vestimos bem a nossa pele, quando estamos de bem connosco próprios, um grande peso nos sai dos ombros
Faltava a João Eduardo verifica-lo, livrar-se desse peso e viver
A mente não tem solução querido João, pensa menos, vive mais, não te sustentes em crenças voláteis, nem na manipulação da cabeça, na procura de uma verdade absoluta,
vive mais,
pensa menos,
Continua a caminhar